Serviço

A campainha de mesa é objeto pouco usado, em sua função de origem, no século XXI, relegado a item decorativo muitas vezes, mas presente na memória de muitas pessoas como uma possível extensão para seus atos. Ao tocá-la, o som instaura no espaço um ambiente serviçal. Um cliente necessita algo e alguém terá que atendê-lo. Para quem toca, é esperado que seu próprio desejo seja suprido (desejo que varia em um amplo espectro, desde informações sobre que ônibus pegar, até qual Pollock está disponível para venda). Nesse ambiente há também quem escuta, que no imediato momento em que o som da campainha invade seu corpo precisa colocar-se em prontidão para atender quem a pressionou. Dessa forma, o som se propaga em duas subjetividades distintas: quem deseja e quem realiza.

Tendo essa reflexão como pano de fundo, a Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. apresenta seu novo serviço: Serviço. O segurança ficará de prontidão em um lugar do espaço predeterminado, com uma das mãos voltadas para cima. Nessa mão, estará uma campainha de mesa. Quando alguém tocar a campainha, ele irá sair do local, sendo substituído por outro seguranç aem seguida.

Com isso, aquele que é colocado em fricção nessa atitude é o sujeito que deseja. Quem toca a campainha e espera ser atendido será sempre frustrado, pois ao tocar ele próprio realiza o serviço laboral. Tenta-se criar uma situação contraditória dentro do ambiente serviçal gerado pelo som. Quando toco a campainha exigindo um atendimento, eu mesmo realizo o Serviço.