35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível [curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes, Manuel Borja-Villel; assistência de curadoria: Matilde Outeiro, Sylvia Monasterios, Tarcisio Almeida], 2023, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo, SP [fotos: Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo]
Sit-in
Sentados no chão, os seguranças permanecerão em posição circunspecta, vedando a possibilidade de interlocução com outras pessoas, e não se posicionarão de pé enquanto não terminarem seus turnos.--
Os sit-in foram táticas não violentas largamente utilizadas por afro-estadunidenses durante a década de 1960. Neste contexto de segregação racial nos EUA, negros e negras se dirigiam a estabelecimentos que não os atendiam, sentavam nos assentos disponíveis, pediam algo à venda e, frente a negativa, permaneciam sentados, como que aguardando para serem servidos, suportando insultos e violência física até que fossem retirados dos assentos e detidos pela polícia. Tal movimento somou às reivindicações pela erradicação das políticas de segregação racial e, atualmente, protestos sentados têm sido realizados por outros movimentos sociais, ocupando outros espaços comerciais e mesmo o chão de ruas e locais abertos.
Em um trecho do texto Banzo e preguiça: notas sobre a melancolia tropical, Leila Danziger se detém a algumas aquarelas e desenhos de Debret que não foram publicadas na França. Nelas, figuras de negros esquálidos, sentados no chão, seminus, com suas cabeças pendendo o olhar para o solo e seus braços e pernas cruzando-se, como que os protegendo em seu ensimesmar, são correlacionados pela autora ao banzo, categoria médica cunhada à época do tráfico negreiro como uma melancolia que assolava pessoas africanas escravizadas, já que distantes de seus territórios originários, e que as movia ao suicídio, inanição voluntária, à recusa ao trabalho e, por consequência, à inatividade corporal registrada por Debret.
Tendo em vista estes dois casos do sentar-se como um problema político, a Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. propõem que seus seguranças permaneçam sentados no chão do espaço expositivo em posição circunspecta, vedando a possibilidade de interlocução com outras pessoas; colocando-se como em um sit-in - e reivindicando assim uma postura absurda ao exercício de sua vigilância -, ainda que em manifesto isolamento melancólico pela posição de seus corpos, no qual nada poderão proteger para além de si mesmos dentro de todo contexto trabalhista da segurança patrimonial. O corpo como o patrimônio a ser salvaguardado.
35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível [curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes, Manuel Borja-Villel; assistência de curadoria: Matilde Outeiro, Sylvia Monasterios, Tarcisio Almeida], 2023, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo, SP [fotos: Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo]
35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível [curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes, Manuel Borja-Villel; assistência de curadoria: Matilde Outeiro, Sylvia Monasterios, Tarcisio Almeida], 2023, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo, SP [fotos: Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo]
35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível [curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes, Manuel Borja-Villel; assistência de curadoria: Matilde Outeiro, Sylvia Monasterios, Tarcisio Almeida], 2023, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo, SP [fotos: Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo]
heróis nunca celebram vilões - heróis apenas celebram vilões [exposição individual de Igor Vidor], 2018, Galeria Leme, São Paulo, SP [fotos: Gabriela Gava]
heróis nunca celebram vilões - heróis apenas celebram vilões [exposição individual de Igor Vidor], 2018, Galeria Leme, São Paulo, SP [fotos: Gabriela Gava]
46º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto [seleção: Luise Weiss, Paulo Pasta, Rubens Pontes], 2018, Salão de Exposições, Casa do Olhar Luiz Sacilotto, Santo André, SP [fotos dos autores]
46º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto [seleção: Luise Weiss, Paulo Pasta, Rubens Pontes], 2018, Salão de Exposições, Casa do Olhar Luiz Sacilotto, Santo André, SP [fotos dos autores]
Saguão de Arte, 2017, Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ [fotos: Monica Coster Ponte]
Saguão de Arte, 2017, Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ [fotos: Monica Coster Ponte]