35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível [curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes, Manuel Borja-Villel; assistência de curadoria: Matilde Outeiro, Sylvia Monasterios, Tarcisio Almeida], 2023, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo, SP [fotos: Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo]
Imponderabilia institucional
Na entrada do espaço expositivo será instalado um detector de metais (portal). Os seguranças irão se colocar dentro do detector, um de frente para o outro. Para se entrar, será necessário se revistar.--
Ao procurarmos em dicionários o significado da palavra revista, encontramos algo semelhante à “ato ou efeito de revistar, de examinar detidamente, de rever; inspeção, exame detalhado, enumeração, segunda vista ou verificação”. A prática da revista está dentro do escopo de ações realizadas pelos agentes de segurança, sejam eles públicos ou privados. Entretanto, quais seriam os seus critérios bases? Quando a busca por segurança pode se tornar violenta? Quais medidas devem ser tomadas para separar a proteção de um patrimônio da invasão do espaço de alguém?
Pensando em um ponto de fuga para tais dúvidas, temos o caso do último dia de mostra da retrospectiva de Marina Abramovic no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, quando dois de seus seguranças tomaram o lugar de performers contratados e realizaram uma fugaz releitura de Imponderabilia, não prevista como atração para aquele dia. Em seus corpos vestidos em ternos, antítese da nudez performática que constitui a peça original de Abramovic, posicionaram-se um de frente para o outro em uma das passagens entre as galerias. E ali estando, estreitaram aquele portal, de modo que quem o desejasse transpassar inevitavelmente roçaria neles, roçando eles nesse público passante por sua vez.
Em Imponderabilia institucional, a Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. toma por reencenar a performance de Marina Abramovic e seu toque entre público e performers como exercício de uma revista rotineira, protetiva, a ocorrer por ambos os lados. Realizando-a em um detector de metais no formato de um portal, dois seguranças adicionam mais uma camada de verificação ao estarem posicionados em seu interior. E se instaura um espaço duvidoso; o imponderável no escopo da segurança patrimonial. Quem revista quem? Quem toca quem? Todos inspecionando-se ao se resvalarem, seguranças e público, sob a vigília de um mesmo aparelho, colaboram profundamente para a seguridade.
Quis custodiet ipsos custodes? (Quem vigia os vigilantes?): aqui temos uma resposta!
35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível [curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes, Manuel Borja-Villel; assistência de curadoria: Matilde Outeiro, Sylvia Monasterios, Tarcisio Almeida], 2023, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo, SP [fotos: Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo]
35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível [curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes, Manuel Borja-Villel; assistência de curadoria: Matilde Outeiro, Sylvia Monasterios, Tarcisio Almeida], 2023, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo, SP [fotos: Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo]
35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível [curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes, Manuel Borja-Villel; assistência de curadoria: Matilde Outeiro, Sylvia Monasterios, Tarcisio Almeida], 2023, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo, SP [fotos: Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo]
35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível [curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes, Manuel Borja-Villel; assistência de curadoria: Matilde Outeiro, Sylvia Monasterios, Tarcisio Almeida], 2023, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo, SP [vídeo: excerto do último episódio da série Histórias da Bienal, realizado em parceria entre o Canal Arte 1 e a Fundação Bienal de São Paulo]